Esta semana na RTP2 e no Canal História, foram exibidos documentários sobre líderes religiosos que levaram os seus seguidores ao suicídio.
Os casos de Jim Jones e David Koresh são demasiado importantes para serem esquecidos ou ignorados por quem deseja apresentar a solução cristão ao mundo perante os desafios actuais.
Muito ainda necessita ser estudado e percebido para que jamais os mesmos erros sejam cometidos e sobre tudo para sabermos ler o sinais de perigo que representa seguir alguém com os mesmos traços psicológicos e teológicos.
O culto da personalidade, a dificuldade dos seguidores em pensarem por si devido a fraco conhecimento das Escrituras Sagradas, a manipulação que os líderes carismáticos referidos exerciam ao ponto de causar desconfiança e afastamento entre os próprios familiares, etc. são causas e sintomas que levam os pesquisadores a apontar como razões válidas que levaram grupos de pessoas instruídas e comuns a perder as suas vidas sem uma justificação satisfatória.
O aspecto que desejo abordar como estruturante para se chegar a este resultado e que observei como comum entre os casos referidos; é a ênfase que ambos fundadores destes movimentos davam ao "facto" de considerarem que estavam a viver os "últimos dias" ou também conhecidos "fins dos tempos".
Creio que este é um factor relevante para explicar tão grande decepção que representam para o cristianismo esclarecido e bíblico, estas duas desgraças que envergonham o mundo cristão e a humanidade em geral.
O ensino que predominou o mundo evangélico no século passado - e que nalguns sectores teima em desaparecer - foi a incidência sobre a possibilidade de estarmos a viver os tais dias do fim.
Por mais que os cristãos que desenvolvem a teoria dispensasionalista não gostem, estes dois casos citados são a consequência natural deste sistema interpretativo.
Se realmente são os "últimos dias" que estamos a viver - o que discordo em absoluto - é óbvio que atitudes de desespero ou de pouco valor pela vida, visto que é só uma questão de um tempo reduzido, serão tomadas perante situações de pressão ou de desespero iminente.
Perante tantos horrores e desgraças que se avizinham, a vida perde qualquer valor, assim cria-se todo o ambiente psicológico para aceitar sem grande reflexão a possibilidade de morrer por uma causa tão "nobre" ou um líder tão "divino".
A ignorância é tão atroz que um dos argumentos - entre outros - usados pelos seguidores deste sistema de interpretação da Bíblia, revela tanta falta de inteligência, que chegam ao ponto de considerar como sinal indesmentível que "agora é que são os tais tempos" o facto das pessoas casarem, comerem, negociarem etc.
A pergunta lógica e óbvia tem de surgir - que normalmente não é respondida pelos defensores de tal sistema: Qual foi o tempo na história humana em que as pessoas não se casaram, comeram, fizeram comércio, etc.?
Aliás hoje em dia é do conhecimento geral que o casamento, tal como o conhecemos, está em crise e a descer assustadoramente perante as uniões de facto.
Quando os formadores teológicos cristãos não conseguem ficar dentro do ensino bíblico e permitem que, fábulas, teorias de conspiração em cada esquina, medos infundados entre muitos outros abusos exegéticos que tanto dano causam ao reino de Deus; dão aso a que abusos e deturpações surjam entre cristão sinceros que, desejam agradar a Deus e ao líder que consideram muitas vezes como um "Messias" na terra.
Jesus deixou bem claro que os tais últimos tempos, estariam à distancia de uma geração e que alguns dos que presenciaram a sua vida terrestre não morreriam sem que visualizassem esses dias.
Os Apóstolos Paulo, Pedro e João, entre outros, denunciaram os dias que estavam a viver como os últimos dias que os profetas haviam anunciado.
Sem qualquer ambiguidade, para eles terem razão, os "profetas" actuais da desgraça e da anunciação dos dias maus, não podem estar certos.
É uma questão de eliminar por defeito quem fala verdade ou que fala mentira.
Acha que Jesus alguma vez mentiu? Um forte NÃO!
Então seja consequente: Os dias actuais não são os denominados "últimos dias" por isso pare de se assustar quando um tremor de terra surge num país qualquer, com as armas nucleares, com a economia, com as possíveis pandemias, etc. a lista seria infindável.
Vamos ensinar, pregar e viver um cristianismo de fé que ensina a crer, confiar, ter esperança e a investir nas gerações futuras; porque temos tempo para trabalhar com mentalidade transgeracional em vez de escapista.
Obrigado, até breve.
João Pedro Robalo
sábado, 30 de maio de 2009
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