sábado, 30 de maio de 2009

O Fim dos Tempos

Esta semana na RTP2 e no Canal História, foram exibidos documentários sobre líderes religiosos que levaram os seus seguidores ao suicídio.

Os casos de Jim Jones e David Koresh são demasiado importantes para serem esquecidos ou ignorados por quem deseja apresentar a solução cristão ao mundo perante os desafios actuais.

Muito ainda necessita ser estudado e percebido para que jamais os mesmos erros sejam cometidos e sobre tudo para sabermos ler o sinais de perigo que representa seguir alguém com os mesmos traços psicológicos e teológicos.

O culto da personalidade, a dificuldade dos seguidores em pensarem por si devido a fraco conhecimento das Escrituras Sagradas, a manipulação que os líderes carismáticos referidos exerciam ao ponto de causar desconfiança e afastamento entre os próprios familiares, etc. são causas e sintomas que levam os pesquisadores a apontar como razões válidas que levaram grupos de pessoas instruídas e comuns a perder as suas vidas sem uma justificação satisfatória.

O aspecto que desejo abordar como estruturante para se chegar a este resultado e que observei como comum entre os casos referidos; é a ênfase que ambos fundadores destes movimentos davam ao "facto" de considerarem que estavam a viver os "últimos dias" ou também conhecidos "fins dos tempos".

Creio que este é um factor relevante para explicar tão grande decepção que representam para o cristianismo esclarecido e bíblico, estas duas desgraças que envergonham o mundo cristão e a humanidade em geral.

O ensino que predominou o mundo evangélico no século passado - e que nalguns sectores teima em desaparecer - foi a incidência sobre a possibilidade de estarmos a viver os tais dias do fim.
Por mais que os cristãos que desenvolvem a teoria dispensasionalista não gostem, estes dois casos citados são a consequência natural deste sistema interpretativo.

Se realmente são os "últimos dias" que estamos a viver - o que discordo em absoluto - é óbvio que atitudes de desespero ou de pouco valor pela vida, visto que é só uma questão de um tempo reduzido, serão tomadas perante situações de pressão ou de desespero iminente.

Perante tantos horrores e desgraças que se avizinham, a vida perde qualquer valor, assim cria-se todo o ambiente psicológico para aceitar sem grande reflexão a possibilidade de morrer por uma causa tão "nobre" ou um líder tão "divino".

A ignorância é tão atroz que um dos argumentos - entre outros - usados pelos seguidores deste sistema de interpretação da Bíblia, revela tanta falta de inteligência, que chegam ao ponto de considerar como sinal indesmentível que "agora é que são os tais tempos" o facto das pessoas casarem, comerem, negociarem etc.

A pergunta lógica e óbvia tem de surgir - que normalmente não é respondida pelos defensores de tal sistema: Qual foi o tempo na história humana em que as pessoas não se casaram, comeram, fizeram comércio, etc.?
Aliás hoje em dia é do conhecimento geral que o casamento, tal como o conhecemos, está em crise e a descer assustadoramente perante as uniões de facto.

Quando os formadores teológicos cristãos não conseguem ficar dentro do ensino bíblico e permitem que, fábulas, teorias de conspiração em cada esquina, medos infundados entre muitos outros abusos exegéticos que tanto dano causam ao reino de Deus; dão aso a que abusos e deturpações surjam entre cristão sinceros que, desejam agradar a Deus e ao líder que consideram muitas vezes como um "Messias" na terra.

Jesus deixou bem claro que os tais últimos tempos, estariam à distancia de uma geração e que alguns dos que presenciaram a sua vida terrestre não morreriam sem que visualizassem esses dias.
Os Apóstolos Paulo, Pedro e João, entre outros, denunciaram os dias que estavam a viver como os últimos dias que os profetas haviam anunciado.

Sem qualquer ambiguidade, para eles terem razão, os "profetas" actuais da desgraça e da anunciação dos dias maus, não podem estar certos.
É uma questão de eliminar por defeito quem fala verdade ou que fala mentira.

Acha que Jesus alguma vez mentiu? Um forte NÃO!

Então seja consequente: Os dias actuais não são os denominados "últimos dias" por isso pare de se assustar quando um tremor de terra surge num país qualquer, com as armas nucleares, com a economia, com as possíveis pandemias, etc. a lista seria infindável.

Vamos ensinar, pregar e viver um cristianismo de fé que ensina a crer, confiar, ter esperança e a investir nas gerações futuras; porque temos tempo para trabalhar com mentalidade transgeracional em vez de escapista.

Obrigado, até breve.

João Pedro Robalo

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Os Caminhos de Deus

A sociedade, os hábitos, a ciência e até a teologia constroem uma visão da vida previsível e normativa.
Por tradição e por interesse desejamos que tudo encaixe na concepção que idealizamos das coisas, nada pode fugir ao que prevemos e antevemos, caso contrário perdemos as estribeiras e o descontrolo surge.

No que respeita ao divino, à religião, ao espiritual, enfim a Deus, só concebemos o que podemos explicar, só explicamos o que podemos perceber e só percebemos o que podemos limitar; mas se limitamos já não é de Deus que estamos a falar mas da nossa ideia ou concepção d'Ele.
Na verdade o que acabamos por fazer é desfigurar, decepar, desvirtuar ou pior ainda, criar um "deus" que em nada corresponde com o original e verdadeiro.

As discussões teológicas, litúrgicas e até dogmáticas acabam mais por criar uma visão turva e imprecisa de Deus do que mostra-lo tal como é e como age.
Além da Bíblia, que tantos tentam desacreditar, uma forma sem dúvida importante para conhecer melhor o Criador do universo, é conhecer o que a Escritura refere como: Os caminhos de Deus.

Este domingo aventurei-me neste registo bíblico que é para muitos uma aventura desconfortante porque sai do que por vezes podem e querem limitar percebendo todos os detalhes, pormenores e afins.
A vida cristã é muito mais interessante que aquela velha ideia de que já prevemos tudo, já nada nos surpreende, não há mistérios por sondar tudo está descoberto, etc.

Citei um passagem em Isaías que mostra Deus a fazer coisas novas, imagine-se; para que ninguém diga: "Sim, eu já sabia."
Este Deus que a Bíblia nos revela tem sentido de humor e de aventura, quer ver os seus filhos motivados e interessados em descobrir novas fronteiras, cheios de paixão e motivação para um novo dia que surge após algum desaire, enfim um Deus que desafia para uma vida interessante e sempre entusiasmante.

Os caminhos de Deus têm sempre imprevisibilidade, surpresa, inovação, paixão entre muitas outras razões, para uma excelente motivação e aventura que é caminhar com o Criador que jamais pode ser limitado e nunca aborrecido.

Convido a ver, ouvir ou estudar a mensagem em: www.figueiraccva.org

Abraço fraterno

João Pedro Robalo