sábado, 10 de outubro de 2009

O Prémio Nobel Da Paz

Tem causado alguma perplexidade e assombro a atribuição do prémio Nobel da Paz ao presidente dos EUA Obama.

Também eu fui apanhado de surpresa e considero que haja alguma precipitação nesta atribuição pelo júri do prémio.
No, entanto, os argumentos e preconceitos generalizados deixam no ar que, é possível, ainda não ter sido digerido ou ultrapassado o choque pela eleição de um Afro-americano para o mais alto cargo dos EUA.

Uns optam por considerar que é prematuro por ainda nada ter sido feito pelo actual presidente americano, mas, uma rápida observação geopolítica, pode-se verificar que, estamos perante um novo tempo no diálogo diplomático, perante uma nova possibilidade de desarmamento nuclear e que se lida com coragem e frontalidade com a questão mais sensível da geopolítica: O caso Israel-palestiniano.

Este é um aspecto em que nos cristãos, principalmente os evangélicos neo-pentecostais, assumem uma papel fundamentalista - tão criticado quando perpetrado pelo outro lado da trincheira - que só demonstra que, ainda não venceram um dos problemas que Tiago na sua carta apontou, como influencia diabólica e destrutiva da essência cristã: O sentimento faccioso! «Tg.3.14-16»

Este assunto leva-nos para outra questão, que me parece ser a causa da má vontade que os comentários "evangélicos" têm sido pródigos - tenho ouvido dos mais variados disparates, que me escuso comentar.
Se achamos, e bem que, Ahmadinejad tem um discurso fundamentalista, negando o Holocausto e fomentando o ódio contra os judeus; não podemos aceitar que os cristãos possuam um discurso inverso - em termos de trincheira - mas idêntico, ao achar que, a solução é exterminar ou expulsar os palestinianos da sua terra.

Aquela terra em termos Bíblicos, históricos, sócio-antropológicos e legais, não é de um dos povos em detrimento do outro.
Sei que estou acorrer um risco, porque na noção evangélica do conflito, qualquer "bom cristão" é do lado dos judeus e anti-palestiniano. É em certo sentido o ressurgimento do conceito do "eixo-do-mal".

A paz mundial - na minha perspectiva - passa pela expansão do reino de Deus; "justiça, paz e alegria no Espírito Santo" mas, para além deste pressuposto do cumprimento da missão da igreja na terra; considero que, em termos geo-políticos e estratégicos, o conflito Israel-Palestino é fundamental para o apaziguar de muitos conflitos culturais no Globo.

Considero por isso, que, Obama ao chamar à atenção o governo israelita, para alterar a sua política de expansão territorial, principalmente os colonatos da Cis-Jordânia e Faixa de Gaza, contribui para apaziguar em vez de acicatar ódios e muros tão enraizados entre estes dois povos.

Esta postura não lhe tira qualquer legitimidade para usar o poder e a força que possui, quando os abusos são cometidos de qualquer parte.
A paz não se constrói só com boas intenções, a força, quando necessária e justa, pode e deve ser empregada, para o bem comum.

Há uma distinção clara entre ser um pacificador e um pacifista. Jesus, chamou-nos a sermos pacificadores.
Os cristãos deviam incentivar todo o discurso político e acções pacificadores que promovam igualdade entre os povos e que diminuam as assimetrias sócio-económicas, bem como os direitos humanos, para a promoção de uma mundo mais justo, pacífico e com melhor qualidade de vida.

Também posso considerar prematuro a atribuição do prémio, mas não me choca, como vi entre muitos cristãos evangélicos, alguns perderam mesmo a cabeça nos comentários que fizeram.

Como a Bíblia ensina, oro pela paz em Jerusalém e também na Babilónia.

Bem-haja

João Pedro Robalo

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A Integração dos Emigrantes

Portugal foi premiado pela ONU, como o país que melhor adaptou as leis para a integração de emigrantes na nossa terra natal.

Claro está que, a experiência no terreno revelará que nem tudo vai bem, nem sempre os empresários portugueses seguem este bom exemplo, aproveitando-se da fragilidade e ilegalidade a que alguns se encontram.

Esta notícia enche-me de orgulho em ser português.
Quando à poucos dias na campanha eleitoral alguns partidos usaram o fantasma da emigração - o perigo de roubar os empregos e recursos em detrimento dos nacionais - como um perigo a combater, e, com isso conseguir mais alguns votos; foi com tristeza que ouvi cristãos defender posições idênticas. Apenas lamentável.

Que a demagogia dos actores políticos seja lamentável, mas normal, ainda aceito, mas ouvir - como sucedeu - cristãos usarem o mesmo argumento para manifestar a sua posição politico-partidária, defendendo que os problemas nacionais, quer nos aspecto criminal, social e económico, são causados pela integração dos fluxos migratórios que Portugal também faz parte, é falta de cultura bíblica e desconhecimento do grande amor divino para com todos.

Deus deixou advertências muito sérias ao povo da 1ª Aliança sobre a importância no tratamento dos estrangeiros, até porque, afinal, essa era uma realidade conhecida deles.
Ex.23.9 "Não oprimirás o estrangeiro; vós conheceis o estrangeiro, porque foste estrangeiros no Egipto."

Não só estavam impedidos de qualquer tipo de opressão ou aproveitamento da situação fragilizada que os emigrantes entre eles se encontravam, como deviam expressar amor e aceitação, melhor dizendo, integração.
Lv.19.34 "Como o natural entre vós será o estrangeiro que peregrina convosco. Amá-lo-eis como a vós mesmos, pois foste estrangeiros no Egipto. Eu sou o Senhor vosso Deus."

Há uma clara obrigatoriedade humanista e ética cristã, para providenciar todo o apoio e condições para os que desejam fazer desta nação e povo a sua oportunidade de recomeço da vida.

O amor cristão que faz a diferença neste mundo, não se deixa influenciar pela demagogia xenófoba que dá votos e popularidade a alguns políticos da nossa praça.
Sabemos diferenciar o trigo do joio, entre os que abusam da nossa afabilidade e os que se integram.

Uma nação com valores cristãos, sabe receber, integrar e dar oportunidade aos que decidem - pelas mais variadas razões - fazer desta nação a sua nova casa.

Bem-haja

João Pedro Robalo