Tem causado alguma perplexidade e assombro a atribuição do prémio Nobel da Paz ao presidente dos EUA Obama.
Também eu fui apanhado de surpresa e considero que haja alguma precipitação nesta atribuição pelo júri do prémio.
No, entanto, os argumentos e preconceitos generalizados deixam no ar que, é possível, ainda não ter sido digerido ou ultrapassado o choque pela eleição de um Afro-americano para o mais alto cargo dos EUA.
Uns optam por considerar que é prematuro por ainda nada ter sido feito pelo actual presidente americano, mas, uma rápida observação geopolítica, pode-se verificar que, estamos perante um novo tempo no diálogo diplomático, perante uma nova possibilidade de desarmamento nuclear e que se lida com coragem e frontalidade com a questão mais sensível da geopolítica: O caso Israel-palestiniano.
Este é um aspecto em que nos cristãos, principalmente os evangélicos neo-pentecostais, assumem uma papel fundamentalista - tão criticado quando perpetrado pelo outro lado da trincheira - que só demonstra que, ainda não venceram um dos problemas que Tiago na sua carta apontou, como influencia diabólica e destrutiva da essência cristã: O sentimento faccioso! «Tg.3.14-16»
Este assunto leva-nos para outra questão, que me parece ser a causa da má vontade que os comentários "evangélicos" têm sido pródigos - tenho ouvido dos mais variados disparates, que me escuso comentar.
Se achamos, e bem que, Ahmadinejad tem um discurso fundamentalista, negando o Holocausto e fomentando o ódio contra os judeus; não podemos aceitar que os cristãos possuam um discurso inverso - em termos de trincheira - mas idêntico, ao achar que, a solução é exterminar ou expulsar os palestinianos da sua terra.
Aquela terra em termos Bíblicos, históricos, sócio-antropológicos e legais, não é de um dos povos em detrimento do outro.
Sei que estou acorrer um risco, porque na noção evangélica do conflito, qualquer "bom cristão" é do lado dos judeus e anti-palestiniano. É em certo sentido o ressurgimento do conceito do "eixo-do-mal".
A paz mundial - na minha perspectiva - passa pela expansão do reino de Deus; "justiça, paz e alegria no Espírito Santo" mas, para além deste pressuposto do cumprimento da missão da igreja na terra; considero que, em termos geo-políticos e estratégicos, o conflito Israel-Palestino é fundamental para o apaziguar de muitos conflitos culturais no Globo.
Considero por isso, que, Obama ao chamar à atenção o governo israelita, para alterar a sua política de expansão territorial, principalmente os colonatos da Cis-Jordânia e Faixa de Gaza, contribui para apaziguar em vez de acicatar ódios e muros tão enraizados entre estes dois povos.
Esta postura não lhe tira qualquer legitimidade para usar o poder e a força que possui, quando os abusos são cometidos de qualquer parte.
A paz não se constrói só com boas intenções, a força, quando necessária e justa, pode e deve ser empregada, para o bem comum.
Há uma distinção clara entre ser um pacificador e um pacifista. Jesus, chamou-nos a sermos pacificadores.
Os cristãos deviam incentivar todo o discurso político e acções pacificadores que promovam igualdade entre os povos e que diminuam as assimetrias sócio-económicas, bem como os direitos humanos, para a promoção de uma mundo mais justo, pacífico e com melhor qualidade de vida.
Também posso considerar prematuro a atribuição do prémio, mas não me choca, como vi entre muitos cristãos evangélicos, alguns perderam mesmo a cabeça nos comentários que fizeram.
Como a Bíblia ensina, oro pela paz em Jerusalém e também na Babilónia.
Bem-haja
João Pedro Robalo
sábado, 10 de outubro de 2009
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