quarta-feira, 3 de junho de 2009

Mediatismo versus Realidade

Foi uma semana pródiga em relatos mediáticos, nem sempre bem abordados como é costume.

Somos confrontados com a desordem da "Ordem dos Advogados", o fatídico acidente de viação, a campanha eleitoral e hoje de manhã num programa televisivo tivemos lágrimas pela morte de um familiar misturado com a alegria de se concorrer na árvore das patacas... tudo misturado para criar ambientes contrastantes e não se perder audiências; que é o que interessa.

Esta ambiguidade e insensibilidade com que o mediatismo actual trata os assuntos quotidianos leva muitos a pensar que a vida é uma novela ou um romance, quando na verdade a realidade é caracterizada por ser fria e rude para o cidadão comum.

O problema de inadaptação surge quando a mente está formatada e condicionada pelos programas televisivos que obscurecem e deturpam o sentido e as características que compõem a vida.
Pode parecer disparatado, mas há quem fique frustrado por verificar que, o fosso entre a imaginação criada pela industria do entretenimento e a realidade do dia a dia, é enorme e insanável.

É interessante uma expressão de Jesus, normalmente ignorada ou preterida, onde nos incentiva a evitar qualquer tipo de preocupação ou ansiedade lembrando-nos que: "Basta a cada dia o seu próprio mal."

Jesus, o autor da vida, mostra o seu conhecimento e compreensão da realidade que a cada dia cria circunstâncias propícias que desanimam, magoam ou confundem.

A realidade pode ser dura e desconstrutiva para o optimismo, mas não é; nem a antecipação da preocupação - basta a cada dia o seu próprio mal - nem a ilusão que a mediatização constrói no "objecto" - é assim que algumas vezes as empresas mediáticas tratam as pessoas; como números - que leva alguns a viverem alienados da realidade e da consequente possibilidade de construir um projecto de vida.

Seria bom que as empresas de comunicação - principalmente dos meios áudiovisuais - tivessem uma abordagem pedagógica, mas quando a economia dita as suas regras, aceitamos os excessos. Só que, por vezes, há limites que não se podem ultrapassar, pois, quando estas fronteiras são desrespeitadas pode suscitar o começo do fim deste tipo desumano de mediatismo que só se interessa por audiências.

A realidade só pode ser encarada pela forma centrada no individuo como Jesus o fez; a verdade dura e crua, proporciona as condições cognitivas, emocionais e espirituais correctas para lidar com a realidade de forma sábia e inteligente.

João Pedro Robalo

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