quarta-feira, 24 de junho de 2009

Irão a Força da Razão

Os acontecimentos relacionados com as eleições no Irão estão a mostrar a mudança e a força que os meios actuais têm perante os regimes mais fechados e intransigentes na esfera global.

Se as religiões pensam que podem fechar hermeticamente as pessoas no seu livre pensar ou as sociedades na sua expressão livre de escolher o seu futuro; esta realidade que está a surgir no Irão, mostra precisamente o contrário.

Com isto, quero insurgir-me com alguma mentalidade religiosa, também nos meios denominados evangélicos, que pensam colar-se sempre ao poder vigente, como sendo a posição natural e mais ética, quando o povo e as massas estão numa direcção oposta.

O poder religioso Iraniano está colado ao poder que Ahmadinejad representa, mas o povo parece estar a seguir uma direcção diferente.
Lá como cá o mesmo paradigma e o mesmo erro de cálculo.

Em toda a revelação Bíblica, encontro Deus ao lado dos mais fracos, injustiçados, desprovidos dos mais elementares direitos, dos que sofrem, etc. com espanto verifico que as religiões - o Islão não foge à regra - aparecem coladas e cúmplices do poder temporal com todos os defeitos e problemas que acarretam.

A igreja cristã deve mostrar a diferença e voltar ao seu paradigma inicial; em que cuidava com afinco das viúvas, pobres, necessitados, doentes, desprotegidos, enfim; todos os marginalizados da sociedade encontravam lugar de aceitação, expressão e integração na comunhão dos santos.

O Estado pode e deve, desenvolver o seu papel social de apoio e contribuição financeira para aligeirar o fosso entre ricos e pobres; mas só a igreja consegue oferecer uma transformação ética da pessoa humana pelo novo nascimento, trazido á nossa acção e intervenção a favor de quem mais precisa de nós: Os pobres, necessitados e marginalizados.

Só a visão ética-espiritual da mentalidade judaico-cristã oferece a resposta - não apenas uma resposta - que resolve o problema do homem na sua totalidade, começando no interior e abrangendo holísticamente o sentido da vida humana.

O estado-social cria subsídio-dependentes; a ética cristã responsabiliza cada um pela situação e solução para cada caso de vida.

Com isto, parece-me que, as religiões são muito parecidas - apesar do que as diferenciam - na sua abordagem e relação com as sociedades e o poder.
O cristianismo adquire aqui a sua diferença quando volta ao seu estado original; e há igreja e cristãos que o conseguem plenamente.

A nossa voz critica em relação ao Irão não é um acto partidário ou político - como vejo alguns cristãos fazerem - apenas por posição ortodoxa de ligação a todos os grupos partidários de direita; mas é tão válida neste caso, como o foi, quando George Bush teve a triste ideia de trazer um conflito até hoje injustificado como a guerra e a invasão do Iraque.

Para que a nossa voz seja escutada e a nossa pregação tenha autoridade; temos de seguir o caminho traçado por Jesus; que sempre defendeu os necessitados contra os poderes instituídos; quer religiosos (Fariseus, Saduceus; Escribas, etc.) quer políticos (Pilatos, Romanos, etc.).

Tanto os religiosos poderosos do Islão, como do mundo ocidental precisam perceber que os cristãos, estão comprometidos com quem sofre e lhes são negados os mais elementares direitos humanos, direitos esses, que são a essência do amor divino demonstrado pelo envio de Jesus como Filho de Deus a este mundo.

Quando falhamos neste assunto - infelizmente já sucedeu vezes demais - outros ocupam o nosso lugar, mas com abordagens inferiores incapazes de responder na totalidade à necessidade plena do homem.

Levanto a minha voz neste Blog em relação ao que sucede no Irão assim, como, me preocupa, esta viragem Europeia para o neoliberalismo como resposta à crise financeira mundial.
Compreendo e reconheço a diferenças entre as duas situações, mas não tenho uma mentalidade de "cruzada" mas cristã na abordagem dos problemas e crises mundiais.

Espero e oro a Deus para que todos estes incidentes resultem numa viragem iraniana histórica que promova a paz e a reconciliação nacional, pois tal efeito será benéfico para todos em geral.

Bem-haja

João Pedro Robalo

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