terça-feira, 25 de agosto de 2009

Um Acto de Misericórdia

O ministro escocês da justiça, Kenny MacAskill, defendeu no parlamento do país a libertação de Al Megrahi – o único condenado do acto terrorista de Lockerbi.

Com efeito, e passo a citar: “Uma decisão tinha de ser tomada, ela, baseou-se na lei da Escócia, e nos valores que acredito que buscamos preservar. Não se baseou em considerações políticas, diplomáticas e económicas.” fim de citação.

Esta frontalidade – tão criticada por outros países, principalmente os EUA, onde eram originários a maior parte das vítimas – chocou muitos, por todo o mundo.

Qualquer pessoa que, preserve os valores da vida – que são valores cristãos – não pode deixar de reconhecer a coragem e a elevação de princípios que levaram a Escócia a tomar uma decisão assim.

Eu também desaprovo a falta de despudor que o presidente da Líbia teve ao receber com honras um terrorista e assassino, da forma que o fez.

Condeno veementemente o acto terrorista que Megrahi perpetrou – o qual foi condenado, e bem, a prisão perpétua – contra vidas inocentes, só para afirmar a sua posição geopolítica, causando dano a um país que odiava.

Acima de tudo, deixa-me incomodado a falta de arrependimento deste terrorista, não só durante o julgamento, como ao fim destes anos todos, mesmo em fase terminal devido a um cancro da próstata.

Mas todos estes factores, não podem, nem devem mudar a elevação de valores que, o mundo chamado cristão diz defender.
Sei que alguns cristãos – principalmente o sector evangélico – se encontram incomodados e fazem sentir a sua revolta, gritando por justiça.

Eu quero – apesar de todas ressalvas já feitas – dizer que concordo com a decisão do governo escocês.
Ser cristão, com valores bem definidos pela Bíblia, requer uma frieza de emoções e sentimentos que, acima do horror e injustiças, sabemos exercer misericórdia e perdão, não a quem não precisa, mas a quem mais necessita; neste caso quem mais ofendeu.

Á luz destes factos, como interpretamos a afirmação de Jesus: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem!”
Tal como o ministro da justiça escocês afirmou; não são os actos injustos ou indignos que irão fazer baixar os nossos padrões ou desvirtuar o carácter do amor cristão.

São nestes momentos que os valores cristãos são essenciais para demonstrar a elevação que Cristo trouxe ao mundo sobre todas as outras religiões ou filosofias.
Se não for assim, então, não encontro qualquer diferença, e, isto (da fé) é só uma questão de nome atribuído ao “deus” ou à religião.

Se outros querem elevar assassinos terroristas que não valorizam a vida humana, nós, mundo cristão, temos valores que se sobrepõem acima dos maus exemplos e injustiças, sobretudo, porque cremos na justiça divina.

O mundo muçulmano – que creio condenar os actos terrorista – tivesse a frontalidade para dizer que todos os que perpetram actos que desvalorizam a vida humana, não irão para o céu, mas para o inferno, de certo, muitos atentados suicidas, que são autênticos assassínios, seriam evitados.

Se os cristãos desejam demonstrar elevação de valores e carácter, não devem condenar o acto do governo escocês, mas, apesar de não gostarmos do espectáculo degradante que o Sr. Kadáfi nos ofereceu, sabemos que esta foi a decisão acertada e correcta de acordo com os padrões da misericórdia cristã.

Espero que entendam o meu ponto de vista.

“Sede misericordiosos, assim como o vosso Pai é misericordioso” Lucas 6.36 Jesus

Bem-haja

João Pedro Robalo

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